Você sabe por que as doenças congênitas recebem esse nome? É por estarem presentes desde o nascimento da criança. O pé torto congênito, por exemplo, é um dos casos mais comuns e pode ser detectado na gestação do bebê.
Só para ilustrar, essa doença afeta 1 a cada 1.000 bebês nascidos no mundo, de acordo com a PubMed, plataforma que é referência na publicação de artigos médicos e científicos.
Para esclarecer o tema, o ortopedista pediátrico do Hospital Ortopédico AACD, Dr. Rafael Yoshida, explica o que é o pé torto congênito e seus sintomas, além do diagnóstico e tratamento da doença. Boa leitura!
O que é pé torto congênito?
O pé torto congênito é o resultado de alterações no formato do pé do bebê e no posicionamento do feto no útero da mãe. Em princípio, há uma mudança nos músculos e ossos da região. Mas, o que isso realmente quer dizer?
Em outras palavras, é uma deformidade em que a criança nasce com um ou os dois pés virados para dentro e para baixo.

Esses são os principais tipos de pé torto congênito: o pé do bebê pode virar para dentro ou para baixo em diferentes variações
Como consequência, isso prejudica o alinhamento e a funcionalidade do pé para caminhar e usar calçados. Dessa forma, quanto mais nova a criança, melhor a resposta ao tratamento.
O que pode causar pé torto congênito?
Não há uma causa exata para o pé torto, assim, essa doença também é “idiopática”, ou seja, a sua origem é desconhecida.
Por esse motivo, não há um método de prevenção contra o pé torto congênito idiopático. De qualquer forma, é importante adotar hábitos que diminuam os riscos de complicação para uma gestação mais saudável, como:
- Não fumar
- Não ingerir bebidas alcóolicas
- Não tomar medicamentos sem aprovação do médico
Quais são os sintomas?
Caso esteja em dúvida se o seu bebê tem pé torto congênito, observe os seguintes sinais:
- Pé parece estar “contorcido” ou virado para dentro
- Perna um pouco menor do que a outra
- Panturrilha mais fina do que a outra
Apesar da aparência, o pé torto congênito não provoca desconforto ou dor no bebê.
É provável que o seu médico identifique indícios no nascimento da criança, mas é importante confirmar essa suspeita para diferenciá-la de outras alterações na região. Por isso, uma consulta com ortopedista pediátrico é essencial para diagnóstico correto e orientação adequada.
Como é feito o diagnóstico?
Em muitos casos, é possível diagnosticar o pé torto congênito antes do nascimento da criança, por meio do exame de ultrassom a partir da 20ª semana de gestação.
Mas, na prática, a maioria dos diagnósticos acontece no nascimento da criança através do exame físico.
Raramente, exames de imagem complementares, como raio-X, são necessários.
Pé torto postural
Sempre existe uma exceção à regra, não é mesmo? Com o pé torto não é diferente.
Há vezes em que a alteração inicialmente observada tem relação somente com a postura e a correção já ocorre naturalmente com o tempo, sem necessidade de tratamento. É o caso do pé torto postural.
Novamente, é fundamental consultar um ortopedista pediátrico para o diagnóstico correto e, caso confirmado, orientação necessária para o tratamento adequado.
Como corrigir um pé torto?
Antes de tudo, os ossos e articulações do recém-nascido são muito flexíveis. Por isso, recomenda-se que o tratamento de correção comece nas primeiras semanas de vida.
Método Ponseti
Atualmente, o tratamento mais efetivo é o Método Ponseti, que leva esse nome em homenagem ao Dr. Ignácio Ponseti, ortopedista espanhol que desenvolveu a técnica.
Resumidamente, o Método Ponseti ocorre em 3 etapas:
1ª) Manipulação específica do pé do bebê e, em seguida, imobilização com gesso

Dentro do Método Ponseti, o gesso modela progressivamente o pé torto congênito para que o membro se direcione para a posição desejada
2ª) A troca do gesso é feita semanalmente e a correção do pé acontece de forma gradual em torno de 4 semanas
3ª) Após esse período, realiza-se um alongamento cirúrgico do tendão de Aquiles para complementar o processo

Tenotomia do Tendão de Aquiles é o nome da cirurgia que promove a correção do pé torto congênito, de acordo com o Método Ponseti
Com o pé corrigido, o bebê utiliza um aparelho ortopédico (órtese) para manter os pés abertos. O uso deve ser de 14 horas por dia, até os 4 anos de idade, para diminuir o risco de retorno da deformidade.

O uso de órteses faz parte do Método Ponseti e é fundamental para garantir que o pé torto congênito não volte para a sua posição original
Apesar da longa duração, esse tratamento é o mais indicado e o menos agressivo, o que resulta em pés mais funcionais para a criança.
Atuação do Hospital Ortopédico AACD
O Hospital Ortopédico AACD conta com corpo clínico especializado em ortopedia pediátrica para diagnóstico e tratamento de pacientes com pé torto congênito.
Além disso, possui infraestrutura completa para realização de cirurgias e fabricação de órteses sob medida, de acordo com o Método Ponseti.