A saúde da pessoa idosa ocupa hoje um dos debates mais importantes da atualidade. Nesse sentido, a qualidade de vida desse grupo pauta tanto as rodas de discussões médicas quanto as ações voltadas para políticas públicas. Atualmente, dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que a população com mais de 60 anos representa aproximadamente 15,8% dos cidadãos.
De fato, é a primeira vez na história do país que nós temos mais pessoas idosas do que jovens, parcela que corresponde a 14,8% dos que têm entre 15 e 24 anos. Além disso, de acordo com a projeção do próprio instituto, os brasileiros com mais de 60 anos corresponderão a cerca de 37,8% da população do país até 2070.
Uma preocupação constante com esse grupo é a disposição em ter hipertensão e principalmente, diabetes. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Diabetes, a doença afeta 12% da população entre 30 e 69 anos. Esse índice sobe para 18% quando se diz respeito a pessoas com mais de 65 anos. Consequência do diabetes, a amputação não traumática feita pelo SUS (Sistema Único de Saúde) afeta metade da população brasileira, sendo a incidência maior em idosos.
No texto de hoje, o médico fisiatra do Hospital Ortopédico AACD, Dr. Marcelo Ares, explica um pouco sobre o que é o diabetes e como as pessoas mais idosas podem se prevenir da doença com hábitos mais saudáveis.
O que é o Diabetes Mellitus?
O diabetes é uma doença crônica caracterizada pelo aumento da glicose (açúcar) no sangue. Ela ocorre porque o pâncreas não produz insulina suficiente. A insulina é um hormônio que promove a redução da glicemia (concentração de glicose) ao permitir que o açúcar presente no sangue possa penetrar as células, para ser utilizado como fonte de energia.
De acordo com a Federação Internacional de Diabetes (IDF), o distúrbio atinge quase 600 milhões de adultos (entre 20 e 79 anos) no mundo todo. No Brasil, o número chega a 16,8 milhões dentro dessa mesma faixa etária, fazendo o país o 5º lugar em incidência da doença.
Fatores de risco
Além de causas genéticos e ausência de hábitos saudáveis, outros fatores de risco também podem contribuir para o desenvolvimento da doença, como por exemplo:
- Alimentação com baixa ingestão de frutas, verduras e legumes;
- Pressão alta;
- Colesterol alto;
- Doenças renais crônicas;
- Familiares com diabetes;
- Pressão arterial elevada.
Qual é o tipo de diabetes mais comum em idosos?
O diabetes mellitus tem algumas variações e o Tipo 2 é o que afeta a maior parte da população, incluindo a idosa. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 90% dos pacientes diabéticos no Brasil têm esse tipo. O diabetes Tipo 2 está relacionada ao excesso de gordura no corpo, o que dificulta a ação da insulina. Sua causa pode ter ligação com:
- Sobrepeso;
- Sedentarismo;
- Triglicerídeos elevados;
- Hipertensão;
- Envelhecimento;
- Hábitos alimentares inadequados.
É possível reconhecer os sintomas?
Sim. Os sintomas podem variar de acordo com o tipo da doença e o estilo de vida que a pessoa apresenta. Fome, sede excessiva e vontade de urinar são os sinais mais conhecidos, mas quando o foco é idoso, é importante prestar atenção nos seguintes aspectos:
- Fraqueza nas pernas;
- Pele áspera;
- Tontura;
- Confusão mental;
- Apatia;
- Palidez;
- Suor excessivo;
- Demora na cicatrização;
- infecções repetidas na pele;
- Tremores.
Complicações causadas por diabetes
Primeiramente, a doença pode acarretar diversos problemas tanto na saúde física quanto emocional do paciente, como ansiedade e depressão. As complicações mais comuns entre pessoas idosas são:
- Disfunções cognitivas;
- Quedas e fraturas;
- Doenças renais;
- Complicações cardiovasculares;
- Dores crônicas;
- perda de massa muscular;
- fragilidade;
- Hipoglicemia;
- Problemas oculares.
Pé Diabético e amputações
Em suma, é uma das complicações mais comuns do diabetes mal controlado. Aproximadamente um quarto dos pacientes desenvolvem úlceras nos pés e 85% das amputações de membros inferiores ocorrem em diabéticos, segundo o Ministério da Saúde. As alterações vasculares e da sensibilidade comuns nas extremidades nos pacientes diabéticos podem evoluir para quadros de úlceras em pele, que por sua vez podem infectar; se estas infecções não forem diagnosticadas precocemente e /ou tratadas adequadamente, podem evoluir para amputações parciais ou totais das extremidades.
Tratamento
O diabetes não tem cura e o tratamento também é contínuo, independentemente do tipo e da idade. Porém, os cuidados em relação aos idosos merecem uma atenção especial, como controle e monitoramento da glicêmicas e da pressão, tratamento individualizado, consultas periódicas com o endocrinologista e alimentação rica em fibras. Mesmo em casos de amputação, é importante seguir as recomendações abaixo:
- Ajuste de medicamentos;
- Atividades físicas regulares;
- Controle de peso;
- Regulação de sono;
- Avaliação da função renal;
- Mudanças de hábitos nocivos.
Prevenção às amputações
A maioria das amputações causadas pelo diabetes podem ser evitadas com práticas simples de autocuidado, sejam feitas pelos próprios pacientes ou por seus familiares e cuidadores, já que cerca de 30% dos idosos não conseguem alcançar ou verificar os pés regularmente, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes. Portanto, confira algumas dicas essenciais para melhorar o cuidado diário:
- Inspeção nos pés: examinar os pés todos os dias em busca de cortes, bolhas, vermelhidão, inchaço ou unhas encravadas. Use um espelho ou peça ajuda.
- Higiene e hidratação: lavar os pés diariamente com água morna (não quente) e sabão neutro. Seque-os completamente, especialmente entre os dedos, para evitar fungos. Use loção hidratante, mas nunca entre os dedos.
- Calçados adequados: usar sapatos confortáveis, fechados, com ponta larga e solado firme, que protejam bem os pés. Evite andar descalço ou usar sandálias abertas, mesmo dentro de casa.
- Acompanhamento profissional: consultar um podólogo ou profissional de saúde para cortar as unhas e tratar calos. O corte caseiro ou inadequado pode causar lesões graves.
- Controle glicêmico: manter os níveis de glicose e hemoglobina glicada (HbA1c) dentro da meta estabelecida pelo médico.
- Avaliações regulares: fazer exames anuais com o médico para testar a sensibilidade nervosa e a circulação dos pés.
- Mudança de hábitos: tabagismo tem impacto nos pequenos vasos sanguíneos que compõem o sistema circulatório, causando ainda mais diminuição do fluxo de sangue para os pés.
Reabilitação
O processo de reabilitação para pessoas idosas que tiverem membros inferiores amputados em decorrência do diabetes requer um olhar multidisciplinar dos profissionais de saúde. Uma avaliação médica cuidadosa e individualizada não se restringe apenas ao tratamento físico, mas sim, ao psicológico, nutricional e assistencial. Com a colaboração da família, a reabilitação, por exemplo, influência na autonomia e autoestima do paciente e também pode ajudar nas seguintes funções:
- Aceitação;
- Independência;
- Entender a “dor fantasma”;
- Adaptação do uso de prótese;
- Treinamento da mobilidade;
- Fortalecimento dos músculos;
- Motivação;
- Hábitos saudáveis;
- Relações interpessoais.
Além disso, para saber mais sobre o diabetes, acesse nossa página especial sobre a doença.
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